segunda-feira, 26 de maio de 2014

O apoio vem da luta

Faça o seu trabalho bem feito antes de pedir aos outros que o façam por você. Saiba enxergar a sua parcela de culpa num fracasso antes de sair culpando os outros por aquilo que você não fez, mas deveria ter feito. Antes de exigir que os outros adotem as suas causas como as deles e assumam as suas lutas por você e com você, demonstre que você verdadeiramente também está lutando pelo coletivo, sobrepondo, inclusive, os seus interesses particulares. Atacar raivosamente aqueles que lhe "negaram" a ajuda apenas evidencia que a decisão deles foi acertada, pois ninguém dá crédito a alguém que só tece elogios àqueles que se submetem às suas vontades. Entenda que o "não" também tem suas razões e nem sempre estas estão relacionadas a você, pois o mundo não gira ao seu redor.
Em resumo: o verdadeiro lutador não espera apoio antes de lutar. Ele luta e, lutando, conquista o apoio se, por meio da luta, demonstrar a nobreza da sua causa e a honestidade das suas intensões. E se o apoio não vier, ele ao menos sabe que lutou o máximo que pôde.   

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Ser professor é diferente de tudo


Muitos de nós professores um dia já se depararam com a famosa pergunta: "Você trabalha também ou só dá aula?". Trata-se de um questionamento clássico na nossa rotina, cada vez mais massacrada por uma visão reducionista de nossa atuação.
Eu detesto quando comparam a minha profissão com outras, fazendo analogias que muitas vezes beiram o ridículo. Professor não é jardineiro, pois aluno não é samambaia (odeio o exemplo da sementinha sendo regada!). Não é médico, pois aluno não é doença a ser prevenida ou curada. Não é engenheiro, pois aluno não é produto a ser projetado, executado e/ou reformado. Não é comandante porque aluno não é soldado que vai pra guerra. Também odeio a analogia com o sacerdócio de um padre, pois implica numa visão de que o professor já nasce pronto, com a sua "vocação", pronto para "catequizar" seus alunos. Enfim, ser professor é SER PROFESSOR e ponto final!

Julgar que um professor só trabalha quando está dentro de uma sala de aula é tão leviano quanto achar que um estudante só deve se dedicar aos estudos dentro desse intervalo ínfimo de tempo. A aula é a culminância de todo um processo de planejamento e preparação, de leitura, de produção intelectual, de elaboração de atividades, de busca por materiais complementares, ao mesmo tempo em que representa o iniciar de um processo de construção de conhecimentos por parte do estudante, posto em contato com conteúdos historicamente acumulados. Aliado a esse processo está a avaliação formativa, que exige do professor um considerável tempo de leitura e análise da produção dos seus estudantes com o objetivo de compreender a sua aprendizagem. Tudo isso, certamente, implica em muito mais do que o espaço físico-temporal da sala de aula. Faz com que o professor, mesmo cumprindo o seu tempo na escola, sacrifique também seus finais de semana, seus feriados, suas horas "livres", estudando, avaliando e tirando dúvidas dos seus estudantes até mesmo pelo Facebook, como ocorre comigo e muitos dos meus colegas de profissão.

Se pensarmos no contexto dos institutos federais e das universidades, colocamos ainda em discussão toda a dedicação necessária para a tríade Ensino-Pesquisa-Extensão que, na minha visão, deveria abranger toda a educação básica e superior do país. Muitos de nós realizam pesquisa além do seu horário de trabalho e o fazem com prazer, pois tem amor àquilo que fazem. Mas, como não estão em sala de aula, para muitos, não estão fazendo nada. Quando vamos aos congressos apresentar os resultados de nossas pesquisas, é ÓBVIO que iremos querer conhecer as cidades que sediam tais eventos e fazer um pouco de turismo (afinal, cobra-se tanto a cultura erudita dos professores, mas oferecer tais experiências, ninguém quer). Mas as pessoas só enxergam o lazer e não o trabalho que tivemos para usufruirmos de tais momentos. O mesmo ocorre com a extensão, quase invisível aos olhos externos. Para mim, em especial, o importante é que os estudantes valorizem o que fazemos. O resto a gente "atura", mas para tudo há limites de tolerância.

Existem os maus professores? Sim, existem. Existem aqueles que envergonham a profissão? Claro que sim (infelizmente). Mas não admito que façam destes o espelho da minha profissão. Há 20 anos eu me preparo para ser professor e há 16 eu atuo em sala de aula. Já fui professor da Educação Infantil, séries inciais e hoje estou no Ensino Médio e Superior, mas, quanto mais eu aprendo e vivencio experiências, maior é a certeza que tenho quanto à minha incompletude. A única certeza que tenho é a de que SER PROFESSOR É DIFERENTE DE QUALQUER OUTRA PROFISSÃO. Portanto, sugiro àqueles que superficialmente julgam a docência que ESTUDEM e realmente compreendam a complexidade da ação docente antes de saírem vociferando impropérios a respeito.



“Ninguém começa a ser professor numa certa terça-feira às 4 horas da tarde... Ninguém nasce professor ou marcado para ser professor. A gente se forma como educador permanentemente na prática e na reflexão sobre a prática." (Paulo Freire)

quarta-feira, 5 de março de 2014

Li e recomendo

Vila Utopia - Roberto Medeiros Maciel


Eu costumo dizer que livro bom é livro que nos faz querer morar dentro dele. E é exatamente essa a sensação que tive ao ler "Vila Utopia", primeiro romance de Roberto Maciel (o meu tio Beto). Recheado de personagens pitorescas e ambientado num delicioso vilarejo, a Vila Utopia, somos convidados pelo autor a mergulhar numa gostosa narrativa que nos apresenta as personagens de tal maneira que não mais conseguimos distingui-los do próprio cenário descrito e, quando nos damos conta, temos a sensação de que somos um dos moradores locais, indo à feira de domingo, passeando na praça e participando das festas. Para nós, corumbaenses, é impossível não buscarmos em nossa memória as pessoas que porventura possam ter inspirado os personagens, rindo muito quando conseguimos fazer tal relação e nos emocionando com o bucolismo com o qual a história se desenvolve. É uma gostosa nostalgia que nos embriaga. Impossível não querer passar pelo menos um dia no sítio do herói Zé da Bosta e encher a barriga com uma de suas receitas (fiquei com água na boca todas as vezes que ele foi para o fogão à lenha), buscar o futuro com a Vó Mainha, ouvir os causos nas mesas do Cortina Suja e cair na farra com a turma da Maria Cachorrinha. E é óbvio que me vi trabalhando na escolinha da professora Izabela, hehehe. As personagens das nossas lendas folclóricas, que aos poucos vão dando o ar da graça, me transportaram imediatamente à infância, quando ouvia, à noite, as histórias da minha avó em pleno Pantanal e morria de medo do Currupira e do Saci (e confesso que demorei a perder esse medo, rs). 
Vila Utopia é um livro para ser lido devagar, relaxando, buscando referências nas memórias e se divertindo com a rotina com um lugar que, certamente, faz jus ao nome. Parabéns, tio Beto!

Leituras de 2013

O ano de 2013 foi de muito trabalho e correria para mim, principalmente por conta do doutorado, que entra em sua reta final agora em 2014. De qualquer forma, procurei manter meus hábitos de leitura, mesmo que os mesmos tenham sofrido grande "concorrência" com as referências bibliográficas da minha tese (que não foram poucas, rs).
Segue a minha pequena lista de 2013:

1. A Canção Antiga – Pantanal Revisitado - Corintha Maciel
2. Uma Breve História do Cristianismo - Geoffrey Blainey
3. Holocausto Brasileiro - Daniela Arbex
4. Inferno - Dan Brown
5. O Trono do Sol – A Magia da Alvorada - S. L. Farrell

Minhas leituras foram poucas e extremamente variadas. Mas todas muito prazerosas e recomendáveis. O meu ano foi tão corrido que nem pude fazer minhas tradicionais considerações sobre as leituras, como costumo fazer. De qualquer forma, espero que todos se motivem a procurar estes títulos e mergulhar nas mais diversas narrativas.