sábado, 6 de agosto de 2011

Was a losing game

A morte de Amy Winehouse não foi surpresa para ninguém que acompanhou sua trajetória. Sabíamos que mais cedo ou mais tarde seus excessos a levariam, mas sempre tínhamos a esperança de que o tempo fosse seu aliado. De que o tempo pudesse lhe devolver a alegria de viver e isso se refletisse ainda mais na sua extraordinária produção musical.
Amy – assim como Cazuza e Tim Maia – entrou para a história pop naquele grupo de artistas que não foram exemplo de vida saudável, mas que nos deixaram um legado musical incontestável em termos de qualidade. Sua voz poderosíssima, aliada ao ritmo envolvente da Soul Music nos faz ouvir “Back to Black” do começo ao fim, sem pular sequer uma música. As letras expõem uma dor pessoal que chega a nos envolver nesse sofrimento e entender melhor as angústias e medos dessa inesquecível cantora.
Talvez uma grande desvantagem de Amy foi ter nascido na Inglaterra, um país cuja população adora um escândalo e acompanha a decadência de seus famosos com um prazer mórbido nos tablóides. Vende-se muito mais a desgraça do que a redenção. Fato. E o Brasil não se difere muito nesse aspecto.
É muito triste ouvir ou ler opiniões de pessoas que acham sua morte merecida. O pior é afirmarem que sua música não merece ser ouvida ou que seus fãs idolatram as drogas e o álcool. Não fumo, não bebo, não cheiro, mas gosto muito de Amy Winehouse. Isso é proibido? Não vivo a vida do artista. Ouço sua música. Ponto.
Se o artista é um assassino ou bate na mulher, a minha postura é outra. Agora, se ele simplesmente se autodestrói, só me resta lamentar e torcer para sua ascensão.
Acredito que se as pessoas se afundam não é por culpa do artista, mas das próprias pessoas que não tem opinião própria e acham que suas vidas devem ser uma cópia da vida de alguém do showbizz. A mídia tem grande parcela de culpa nisso, principalmente quando valoriza os tropeços dos artistas. Mas o que realmente falta às pessoas é personalidade e educação suficiente para saberem separar as coisas.
Quando Cazuza dizia que os seus heróis morreram de overdose, talvez tivesse lamentando o fato daqueles os quais ele admirava terem perecido e calado suas vozes de protesto. Ou não. O fato é que as pessoas de mente fraca simplesmente acham que sua frase reduz-se a uma apologia ao uso de drogas. Azar de quem acredita nisso...
Amy deixará saudades para todos que curtem sua voz marcante e suas letras carregadas de emoção. Sua versão para “Cupid”, de Sam Cooke, também é maravilhosa.
R.I.P. Amy!
Straight to my lover's heart for me

Ouça o álbum Back to Black na Rádio UOL clicando aqui.

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