quinta-feira, 21 de abril de 2011

Ensino Superior, Educação Inferior


No caderno de educação da UOL foi divulgada uma pesquisa que aponta o Brasil como último colocado entre os chamados países emergentes no que diz respeito ao número de habitantes com curso superior completo. Apenas 11% dos brasileiros com idade entre 25 e 64 anos têm ensino superior, enquanto países como Chile e Rússia possuem índices de 24% e 54%, respectivamente. (leia a matéria completa aqui)
Eu realmente me preocupo com esse baixo índice, mas me preocupo mais ainda com as medidas que os governantes tomam para aumentá-lo. O grande discurso do governo concentra-se no aumento de vagas nas universidades públicas mas pouco se faz quanto à qualidade do processo de formação desses estudantes, assim como as condições para que os mesmos consigam concluir seus estudos, ou seja, preocupam-se com o "antes" e o "depois", mas acabam por ignorar o "durante". Resultado: universidades sucateadas, professores arroxados e qualidade questionável de seus cursos.
Quando raramente pensa no processo, o governo - em sua visão reducionista dos problemas - toma medidas ridículas como reduzir a nota mínina nas federais para 5,0 e obrigar os reitores a assinarem um termo de "compromisso" de 90% de aprovação dos universitários (isso quer dizer que espera-se que 90% dos alunos se formem com 50% de aproveitamento do curso). Como é possível garantir essa aprovação? Melhorar a qualidade de um curso implica em diminuir sua exigência de aproveitamento? Corremos o grande risco de levar nosso ensino superior à uma educação inferior, ou seja, em nome de um aumento na quantidade de pessoas com diploma, abre-se mão da qualidade na formação desses indivíduos.
O que quero deixar claro é que deve sim ocorrer aumento do acesso (eu mesmo me graduei numa universidade federal e sei da importância dessa oportunidade na minha vida), mas o MEC deve intervir também no processo, garantindo qualidade ao seu corpo docente por meio de subsídios para que os professores façam mestrado e doutorado, ampliando os acervos nas bibliotecas, permitindo que seus estudantes adquiram computadores e tenham acesso à internet, fornecendo bolsas de permanência, ampliando o mercado de estágio, garantindo a qualidade da alimentação nos restaurantes universitários, permitindo a aquisição mais acessível de livros e revistas científicas, entre outras inúmeras ações que vão muito além de uma mera redução de média final.
Alguém precisa alertar os governantes de que a Educação é algo muito mais sério e complexo do que eles imaginam. Entretanto, até o presente momento, parece-se que as estatísticas são muito mais importantes.

sábado, 9 de abril de 2011

O massacre que a todos feriu


O Brasil chora pelas crianças cujas vidas foram interrompidas tão brutalmente na última quinta-feira no Rio de Janeiro, no episódio que tristemente já entrou para a história como o Massacre de Realengo. Nós, que nos orgulhávamos de nunca termos vivenciado um massacre em uma escola - afinal, isso era coisa de "americano doido" - agora percebemos o real significado do termo "globalizado". Não há o que não possa acontecer em qualquer país deste planeta, cujas vidas de todos os seus habitantes se vêem conectadas numa grande teia de acontecimentos. É o verdadeiro efeito borboleta.
Todos os dias cerca de 94 pessoas morrem vítimas de armas de fogo apenas no Brasil. Mas esse massacre envolveu adolescentes e isso nos dói muito, nos deixa vulneráveis, nos chama para a realidade de maneira muito mais cruel, nos joga na cara que não estamos conseguindo proteger nossas crianças, nossos meninos e meninas, nossas esperanças de um mundo melhor.
A mídia explora de todas as formas esse massacre e nos faz ter a certeza de que realmente vivemos na sociedade do espetáculo. Entretanto, não se trata de uma novela cujo final feliz sempre acontece. É o mundo real, é a vida, é o Brasil, é uma escola, são crianças que nunca chegarão a ser adultos. A todo momento alguém noticia mais alguma característica do atirador, mas poucos se perguntam a respeito do meio que o gerou, do percurso social e histórico que o levou até o momento em que a sanidade lhe abandonou. Eternamente nos questionaremos: fomos nós que o criamos? Quantos meninos neste momento passam pelo que ele passou e podem vir a se espelhar nele num futuro sombrio? Qual a solução? Aquartelar nossos meninos e meninas nas escolas, atrás de grades e cadeados e detectores de metais? E quando o sino bater, quem os protegerá?
Numa sociedade que lota cinemas para ver filmes que valorizam a violência gratuita, vendem carros "velozes e furiosos", glamourizam a prostituição, fazem meninas desejarem serem "mordidas" pelo grande amor vampiro, mostram escolas americanas e toda a deturpação das relações dentro de seus muros (o importante é ser popular, o atleta bonitão, a gatinha lider de torcida ou, no mínimo, saber cantar e dançar) fica fácil entender porque estamos tão vulneráveis. É triste a constatação de que não temos controle sobre nada e, o pior, nem sabemos para qual direção olharmos em busca de ajuda.
Atualmente eu atuo no Ensino Médio. Meus alunos têm praticamente as mesmas idades dos meninos e meninas mortos. Não tenho filhos mas o medo que senti na quinta-feira foi o de um pai que vê os seus filhos num mundo cruel e imprevisível. Um mundo criado e mantido por nós mesmos.
Oremos...


domingo, 3 de abril de 2011

Filme recomendado

Documentário: "Mais que imaginei"

Sinopse: "Mais que imaginei" é um documentário sobre a educação. Ele conta a história de três personagens que para atingir seus objetivos, derrubaram obstáculos e venceram preconceitos na busca pelo conhecimento. Também traz a história de Mariane, uma jovem que não se interessa pelos estudos e acredita que é desnecessário o investimento na educação. "Mais que imaginei" ilustra que é possível conquistar uma vida melhor por meio do conhecimento e levanta uma questão social importante: "O que seria da sociedade sem a educação como um dos elementos chave para o seu desenvolvimento?"


sábado, 2 de abril de 2011

Charges (para rir ou chorar)




Estudo Errado

Clipe do "Gabriel, O Pensador", na sua melhor fase.

Convenhamos: o que mudou desde 1995?

Não aprendi nada de bom mas tirei 10,0

O que é pós-moderno?

Essa semana, no doutorado, trabalhamos o livro "O que é pós-moderno", de Jair Ferreira dos Santos, que aborda o tema "pós-modernidade" de uma forma bastante irreverente. Um tema que deveria ser trabalhado sempre com nossos alunos, afinal, precisamos ter consciência da sociedade na qual estamos inseridos.


Segundo Ferreira, a massa pós moderna é "consumista, classe média, flexível nas idéias e nos costumes. Vive no conformismo em nações sem ideais e acha-se seduzida e atomizada (fragmentada) pelos mass media, querendo o espetáculo com bens e serviços no lugar do poder."
Sempre que houver oportunidade retomarei o assunto aqui no blog. Por enquanto, aprecie o vídeo a seguir, garimpado e apresentado pela minha amiga Eloá durante o seu seminário:

O sistema somos nós

Lembrança Escolar

Quem está na faixa dos trinta anos (como yo) certamente terá pelo menos uma foto de escola com a bandeira do Brasil. Eu tenho duas: uma tirada na 1ª série e outra na 4ª, quando eu era "pequetitinho" e cabeludo lá em Corumbá. Particularmente, eu adoro ver esse tipo de foto quando mexo no álbum de alguém. Parece que a vida escolar se valoriza mais. Os elementos que compõem uma foto dessas às vezes tem o muito o que nos dizer (o ano, a escola, os livros que você usava, o momento histórico que o país vivia, etc).

Primeiros passos: 1986

Entretanto, para mim, a maior estrela dessas fotos é, sem dúvidas, a bandeira brasileira. A sua presença me dá uma sensação de esperança para a educação do nosso país e uma necessidade de comprometimento com essa transformação. Uma mudança que deve partir de nós, brasileiros, muitas vezes patriotas apenas na Copa do Mundo e nas Olimpíadas, quando pintamos as ruas e não temos vergonha de usar as cores do nosso maior símbolo e choramos ao ouvirmos o hino nacional.

Vivendo e crescendo: 1989

Só quem pode transformar a educação brasileira são os brasileiros. Muitos deles ainda adormecidos dentro de si mesmos.

Propagandas Inesquecíveis

Essa campanha do Itaú  Seguros, veiculada em 1993, é uma das propagandas mais lindas e sensíveis que já vi. Sempre que a vejo fico arrepiado e dá até vontade de ter um bacuri.

Impossível não se comover com isso....