terça-feira, 13 de setembro de 2011

ENEM pra quê? Pra quem? Por quê?


E mais uma vez são divulgados os resultados do ENEM. E mais uma vez a mídia "sapateia" sobre números de forma empírica e sensacionalista, destacando as escolas "campeãs", buscando um perfil de escola que seja sinônimo de "sucesso" no Exame. "Escola boa é escola que passa meu filho no vestibular", pensam os pais. Será?
Alguém se lembra o real motivo da criação do ENEM?
O Exame Nacional do Ensino Médio, como o próprio nome diz, foi criado em 1998 para "aferir a qualidade" do anos finais da Educação Básica no Brasil, ou seja, o Ensino Médio. Entretanto, com o passar dos anos, buscando maior adesão por parte dos estudantes, o governo federal passou a usar seus resultados como mecanismo de ingresso para as universidades públicas. Até aí tudo bem, se tal mudança não tivesse transformado o Exame num grande vestibular, praticamente uma Fuvest. A adesão das universidades foi rápida, pois simplificou todo o processo de exame seletivo. "Para que organizar um vestibular se podemos simplesmente usar uma nota pronta?", pensam as instituições.
Na minha opinião, o ENEM perdeu o seu sentido original e não pode ser tomado como único instrumento de avaliação da qualidade, uma vez que tais resultados são usados como ferramenta de marketing pela rede privada de ensino e o aluno faz até cursinho para a prova.
Como medir a qualidade de uma escola se o aluno faz cursinho para o ENEM?
Aí vem a mídia com manchetes do tipo "Método do primeiro colocado do Enem remete ao século 19, diz especialista da USP", "Melhor nota no Enem 2010, colégio carioca investe em 'fundamental forte e com disciplina'", "Colégio com melhor média no Enem na PB revela preparação específica", entre outras que revelam uma necessidade de apontar campeões e fracassados e fórmulas de sucesso.
Como educador, eu repudio o uso puro e simples da Estatística como instrumento de medição de qualidade. Aferir a qualidade na educação é um processo sociohistórico muito mais complexo do que os resultados numéricos de um exame que não tem 100% de adesão dos estudantes e implica em preparação prévia para os mais ricos. O ENEM passou a ser o objetivo do ensino. Isso é pura lógica do exame, impregnada na nossa educação desde os tempos dos jesuítas e reforçada por políticas que criam índices para uso em campanhas eleitorais.
Quando o aluno só pensa em vestibular, ele ignora todas as outras possibilidades da educação, deixa de lado a sua formação para a cidadania, para a ética, para cumprir seus deveres e exigir os seus direitos. Passa apenas a pensar numa prova que abre as portas para a universidade e, ao adentrá-la, descobre que precisará de todo o resto que ignorou. Estão aí os índices de evasão nas universidades para comprovar que a grande maioria dos "campeões do ENEM" nem sempre são os "campeões da faculdade". Sabe por quê? Porque A EDUCAÇÃO É FORMAÇÃO PARA A VIDA e não para uma prova com dia e horas marcados.

Dica de vídeo sobre o assunto: MTV Debate

Nenhum comentário:

Postar um comentário