É interessante observarmos o
quanto são incoerentes os discursos sobre o valor da Educação. É muito bonito
dizer que “o mais importante é a Educação”, que “sem Educação não há
desenvolvimento”, que “o magistério é o mais nobre dos ofícios”, dentre tantos
outros que, na verdade, ficam apenas nas palavras e estas, como costumam dizer
os árabes, acabam por ser “jogadas ao vento”. E não adianta dizer que essa é
uma característica exclusiva dos políticos, cujos discursos já conhecemos de
cor. Isso também está presente em toda a sociedade.
Os mesmos que dizem que ser
professor é nobre são aqueles que não desejam que seus filhos ingressem num curso de Pedagogia ou numa
licenciatura. Ou seja: é uma profissão nobre, porém exercida por coitados. Os
mesmos que dizem que a Educação é prioridade são os primeiros a atirar pedras
nos professores quando estes usam do seu direito legal de fazer greve para
lutar por melhores salários e condições de trabalho. Quem realmente luta pelo
ensino público de qualidade? Quantos pais comparecem às reuniões escolares? Quantos
empresários investem em ações educativas? Quem realmente olha por nós?
A cruel regra que a sociedade
impõe a nós professores é a de que devemos ser “nobres”, altamente competentes,
garantirmos a qualidade do ensino e suportarmos todas as adversidades em nome
do “amor ao ofício”. Sim, eu amo o que faço, não me vejo fazendo outra coisa, e
por isso INVISTO na minha formação, sempre buscando o novo, me informando,
lendo, assistindo, discutindo, comprando livros, assinando revistas, indo a
congressos, fazendo pesquisa e, por essa razão, TENHO O DIREITO DE SER BEM
REMUNERADO E O DEVER DE EXIGIR ISSO!
Se um auditor da Receita Federal, por exemplo, recebe mais de R$ 13.000,00 para exercer uma atividade repetitiva e burocrática
que requer apenas um rápido treinamento, por que um professor doutor, que passou
mais de 10 anos estudando – se considerarmos desde o seu ingresso no ensino
superior – não pode ganhar o mesmo? Qual o critério de importância utilizado
para se estipular os altos salários públicos? Por que os professores da
Educação Básica devem sobreviver com péssimas condições e salários ridículos?
Na minha opinião, um professor alfabetizador deveria ganhar tanto quanto um
professor universitário. Por isso apoio todo tipo de movimento que lute neste
sentido.
Quando nós professores entramos
em greve, são necessários mais de 50, 60, 70 dias para que a sociedade comece a
se preocupar. E as primeiras atitudes manifestadas são as de questionar o
movimento, chamando-nos de mercenários. Poucos se viram para o governo em busca
de respostas. Alguém já viu situação semelhante numa greve de bancários, de
caminhoneiros, de policiais, de médicos? Não... E a razão disso? DESCASO COM A
EDUCAÇÃO PÚBLICA.
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